Verbo.

"No princípio era a ação. A palavra não foi o princípio - a ação já existia antes dela; a palavra é o final do desenvolvimento, o coroamento da ação."
 (L.. S.Vigotsky, 2008)*.




Eis aí, um dos maiores motivos pela minha ausência, um entrelaçamento de fatores neutralizaram-me a escrita, por ser um tanto emocional, quis parar e dar á materiamar um término.
Como um desejo desses surgiu? Durante um tempo, quis escrever sobre o que vem a ser, humanizar-se, o que nos torna humanos. Então, pesquisei sobre inteligência, consciência...
Vaguei li Daniel Golerman, Vygotsky, Manoel de Barros, Schopenhauer, artigos e opiniões. Buscando explicações entrei em embates...
Materiamar... Nunca quis que esta fosse uma analogia criada ao acaso. Mas, um deleitar de sentimentos, intenções com finais concretos, um amor, o verbo, a ação.
No entanto quando me deparei com uma experiência que literalmente me deixou distante de materiamar, enfraqueci a letra, por meses, dois... Descrevo-a abaixo.

                                               ...

Corumbá, 21 de Setembro de 2013.

Ainda cedo a caminho da faculdade,
Hoje a bicicleta ficou, fui de ônibus, pois de chuva a terra necessitou há dias...
Ela veio intensamente...
Presenciei algo desconfortante, desconcertante.
Murmurações e críticas por um mau cheiro que pairava logo cedo advindo de um morador de rua,
Gritavam suas manifestações, insatisfações, segregações... A quem conduzia.
Eu ali, no mesmo lugar...
Não incomodada com o cheiro de fora...
Incomodada com cheiro de dentro.
Pessoas incompreensíveis... Pessoa incompreendida.
Um homem. Um ser. Humano.
Sendo massacrado, por não estar nos “padrões sociais”...  
Na minha mente, vários discursos passaram... Lembrei-me de Jesus, Martin Luther King, Mandela.
Quis falar!  
Não ousei.
Calei.
Sendo covarde através do silêncio... Não materiamei.
Questionei-me...
Sentar com os excluídos?
Criticar os padrões? Criticar os “rebeldes” que saltam muros...
O que nos torna humanos?
As iniciativas? Os meios? Os fins?
Justificam?

(Exatamente aí parei, em rascunho).
                                                  
Quando a saudade de escrever bateu, continuei as leituras, me deparei com um pessimista que sem meias palavras, arrotou que se deve escrever sobre o que se pense pensar antes de escrever e não começar a escrever a partir de memórias vagas, nem se deve começar a pensar sobre o que vai escrever na hora de escrever, como quem vai fazer um teste surpresa**.
Fui ficando mais insegura “preciso estudar mais, melhorar a gramática e o conteúdo, a minha prática de amor”.
O que me levou a escrever hoje? Neste momento enquanto estou escrevendo faço exatamente o contrário do que foi posto pelo pensador... Resgatando memórias vagas e pensando enquanto escrevo, alcanço a organização do meu pensamento, como Vygotsky teorizou, e me sinto aliviada em me deparar com minha humanidade imperfeita que necessita metamorfosear-se todos os dias. Minha pesquisa sobre humanização? Prossigo investigando, o que sei é que o Verbo que era no princípio e que sempre existiu antes da palavra dita ou escrita me ajuda a humanizar-me. Então, a Aquele que se fez carne, materializou-se e amou. A perfeição literal de materiamar...
A este, meu coração grato.

Que Ele seja e esteja...
Todos os dias.

*Livro: Pensamento e Linguagem
**Livro: A Arte de Escrever - Schopenhauer p.57


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